Cercamentos sociais e Assepsia urbanística:

Neste artigo, pretendo explorar, a  partir do diálogo pontual com algumas obras da Sociologia Urbana, concepções que permitem pensar Brasília no contexto de um longo trajeto de invisibilização de negros e pobres. Para tanto, organizei alguns apontamentos e os separei em três grupos. No primeiro, di...

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Bibliographic Details
Main Author: Adriano Chaves Valente
Format: Article
Language:English
Published: University of Brasília 2023-08-01
Series:Pós
Subjects:
Online Access:https://periodicos.unb.br/index.php/revistapos/article/view/50297
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Description
Summary:Neste artigo, pretendo explorar, a  partir do diálogo pontual com algumas obras da Sociologia Urbana, concepções que permitem pensar Brasília no contexto de um longo trajeto de invisibilização de negros e pobres. Para tanto, organizei alguns apontamentos e os separei em três grupos. No primeiro, discuto, com base na ideia de cercamentos sociais, o modo como a utilização dos espaços públicos das cidades pelos negros foi cerceada por meio da criminalização de manifestações culturais que dependiam de reuniões públicas, quais sejam o samba e a capoeira, e pela perseguição a encontros religiosos. No segundo, re ito sobre como tal estratégia de se impedir reuniões e ocupações de espaços públicos por grupos denominados perigosos (ou indesejáveis) muitas vezes se ampara em um conceito de ordem posto em prática pelo Estado por meio de suas agências policiais. Por m, trato da forma como gradativamente também a vida privada das classes ditas indesejáveis foi se tornando alvo de invisibilização mediante a transferência de suas moradias para locais distantes, em nome da higienização (ou assepsia) das cidades. À guisa de conclusão, argumento que os conceitos de cercamentos sociais e assepsia urbanística permitem enxergar o projeto modernista da construção de Brasília como mais uma etapa desse percurso histórico que marca as cidades brasileiras e suas desigualdades.
ISSN:2317-0344