Precificando a dignidade humana no tribunal: os planos de saúde e as indenizações por danos morais

Clientes de planos de saúde processam suas seguradoras por essas empresas se recusarem a autorizar algum tratamento ou por fraude. Eles reivindicam juridicamente, com sucesso, que as seguradoras violam sua dignidade humana e que, portanto, devem pagar por danos morais. Alegações de danos morais não...

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Bibliographic Details
Main Author: Erik Bähre
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Federal Fluminense, Programa de Pós-Graduação em Antropologia 2022-04-01
Series:Antropolítica : Revista Contemporânea de Antropologia
Subjects:
Online Access:https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/49676
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Description
Summary:Clientes de planos de saúde processam suas seguradoras por essas empresas se recusarem a autorizar algum tratamento ou por fraude. Eles reivindicam juridicamente, com sucesso, que as seguradoras violam sua dignidade humana e que, portanto, devem pagar por danos morais. Alegações de danos morais não são feitas contra o Estado, que é o responsável pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Isto significa que os tribunais estabelecem que o sofrimento e a dignidade humana significam uma coisa quando relacionados a uma companhia privada e outra quando se trata do Estado. Este estudo visa explorar a noção substantiva e legal da dignidade para demonstrar que a compensação financeira pelo sofrimento e pelas violações de dignidade é parte de um regime de valores. Esse regime molda a comensurabilidade da dignidade com o dinheiro e está ancorado em narrativas pessoais e em procedimentos legais, assim como nas expectativas do Estado e do mercado. Portanto, pacientes, que são também consumidores, são empoderados com uma dignidade humana que tem tanto um valor moral quanto um valor monetário.
ISSN:2179-7331