A Perspetiva dos Médicos Portugueses sobre a Reestruturação da Carreira Médica: Um Estudo Transversal

Introdução: A carreira médica (CM) tem sido, em Portugal, um pilar e uma garantia de qualidade na organização e prestação de cuidados de saúde. Atualmente, é constituída por dois graus e três categorias, sendo a progressão possível mediante duas formas, ambas relacionadas com o sistema remuneratóri...

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Main Authors: Guida da Ponte, António Manuel Oliveira, Henrique Soares, João Pedro Aniceto, João Paulo Farias, Luís Filipe Silva, João Bernardo Pego, João Álvaro Correia da Cunha, Helena Ramalho
Format: Article
Language:English
Published: Ordem dos Médicos 2025-06-01
Series:Acta Médica Portuguesa
Subjects:
Online Access:https://www.actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/22971
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Description
Summary:Introdução: A carreira médica (CM) tem sido, em Portugal, um pilar e uma garantia de qualidade na organização e prestação de cuidados de saúde. Atualmente, é constituída por dois graus e três categorias, sendo a progressão possível mediante duas formas, ambas relacionadas com o sistema remuneratório. No entanto, assistimos hoje a uma preocupante estagnação da progressão na carreira dos médicos em Portugal. O presente estudo teve como objetivo principal avaliar a perceção, opinião, e desafios relacionados com a CM em Portugal. Métodos: Foi aplicado um questionário aos médicos registados na Ordem dos Médicos de Portugal (n = 61 317), entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025. Foram realizadas análises quantitativa e qualitativa. Resultados: Foi obtida uma taxa de resposta de 9,36%. A maioria dos médicos apresentou idades compreendidas entre os 30 e 40 anos, era mulher, pertencia à categoria de assistente graduado, trabalhava no setor público e na área hospitalar. Foi consensual a relação entre a CM e a qualidade dos cuidados de saúde (91,45%), a necessidade de reestruturação da CM (87,57%), a integração do internato médico na CM (92,58%), a transversalidade da CM, independentemente do setor de atividade (78,1%) e a associação da progressão na CM à progressão remuneratória (95,86%). A maioria dos médicos considerou que a CM deveria ter mais graus (55,63%). Conclusão: Os resultados suportam a perceção da importância da CM para a qualidade dos cuidados prestados. Destaca-se o consenso entre os médicos sobre a necessidade de reestruturação da CM, com propostas como a reintegração do internato médico e a criação de novos graus técnico-científicos. Embora a maioria dos médicos que responderam ao questionário trabalhe no setor público, o consenso sobre a transversalidade da CM entre os vários setores foi evidente. Contudo, a concretização desta transversalidade revela-se um desafio, especialmente quando combinada com a opinião consensual de que a progressão na carreira deve implicar sempre uma progressão remuneratória, crucial para o reconhecimento do trabalho médico.
ISSN:0870-399X
1646-0758