“Jovem, playboy e estudante não colam aqui”

As transformações de espaços sociais a partir dos processos de gentrificação estão no centro dos debates sobre os fenômenos urbanos contemporâneos. Entretanto, há uma tendência dos especialistas em estudar estes processos sob uma perspectiva macrossociológica. Este artigo tem como objetivo discutir...

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Main Authors: Herbert Bachett, Rafael Moreira da Silva de Oliveira
Format: Article
Language:English
Published: University of Brasília 2023-08-01
Series:Pós
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Online Access:https://periodicos.unb.br/index.php/revistapos/article/view/50299
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Rafael Moreira da Silva de Oliveira
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description As transformações de espaços sociais a partir dos processos de gentrificação estão no centro dos debates sobre os fenômenos urbanos contemporâneos. Entretanto, há uma tendência dos especialistas em estudar estes processos sob uma perspectiva macrossociológica. Este artigo tem como objetivo discutir a dinâmica microssocial da gentrificação de um espaço social específico, a partir de um estudo de caso sobre a quadra CLN 412/413, localizada na Asa Norte do Plano Piloto de Brasília - DF. Por meio de observações participantes e entrevistas episódicas com os trabalhadores e consumidores, buscamos responder: há o processo de gentrificação na quadra? A hipótese é que sim. Além disso, buscamos compreender como se configura a dinâmica socioespacial da quadra em diferentes localidades e temporalidades (dia e noite). Os resultados corroboraram a hipótese, mas não totalmente. Não foi possível aferir positivamente todas as variáveis que qualificam o processo de gentrificação. Embora exista um reinvestimento de capital e uma transformação elitizante de alguns espaços físicos, não foi constatada uma renovação social por grupos de maior renda em outros. Pelo contrário, encontramos a renovação social por parte de grupos de trabalhadores, consumidores noturnos e estudantes, de modo que há um fluxo de classes inverso ao processo de gentrificação tradicional: os mais pobres também estão adentrando a quadra, seja nos comércios “alternativos” ou casas de massagem, moradias adaptadas nos subsolos e salas comerciais, seja ainda na vida noturna simbolizada pela ocupação masculina, uso de drogas, automóveis e som alto. Entretanto, ainda encontramos uma dominação elitista na área, o que nos leva a indicar a incidência eficaz de mecanismos de manutenção de um status quo elitizado como um fator a mais a ser levado em conta em análises microssociológicas sobre o fenômeno da gentrificação.
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spelling doaj-art-b101754781ca4c3a82c4e84729753a682025-01-22T13:27:44ZengUniversity of BrasíliaPós2317-03442023-08-01181“Jovem, playboy e estudante não colam aqui”Herbert Bachett0https://orcid.org/0009-0006-3555-8751Rafael Moreira da Silva de Oliveira1https://orcid.org/0000-0003-2039-5268(PPGSOL/UnB)(PPGSOL/UNB) As transformações de espaços sociais a partir dos processos de gentrificação estão no centro dos debates sobre os fenômenos urbanos contemporâneos. Entretanto, há uma tendência dos especialistas em estudar estes processos sob uma perspectiva macrossociológica. Este artigo tem como objetivo discutir a dinâmica microssocial da gentrificação de um espaço social específico, a partir de um estudo de caso sobre a quadra CLN 412/413, localizada na Asa Norte do Plano Piloto de Brasília - DF. Por meio de observações participantes e entrevistas episódicas com os trabalhadores e consumidores, buscamos responder: há o processo de gentrificação na quadra? A hipótese é que sim. Além disso, buscamos compreender como se configura a dinâmica socioespacial da quadra em diferentes localidades e temporalidades (dia e noite). Os resultados corroboraram a hipótese, mas não totalmente. Não foi possível aferir positivamente todas as variáveis que qualificam o processo de gentrificação. Embora exista um reinvestimento de capital e uma transformação elitizante de alguns espaços físicos, não foi constatada uma renovação social por grupos de maior renda em outros. Pelo contrário, encontramos a renovação social por parte de grupos de trabalhadores, consumidores noturnos e estudantes, de modo que há um fluxo de classes inverso ao processo de gentrificação tradicional: os mais pobres também estão adentrando a quadra, seja nos comércios “alternativos” ou casas de massagem, moradias adaptadas nos subsolos e salas comerciais, seja ainda na vida noturna simbolizada pela ocupação masculina, uso de drogas, automóveis e som alto. Entretanto, ainda encontramos uma dominação elitista na área, o que nos leva a indicar a incidência eficaz de mecanismos de manutenção de um status quo elitizado como um fator a mais a ser levado em conta em análises microssociológicas sobre o fenômeno da gentrificação. https://periodicos.unb.br/index.php/revistapos/article/view/50299gentrificação.Brasília-DFespaço socialmicrossociologiaSociologia Urbana
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