A cultura organizacional em Portugal: de dimensão oculta a principal activo intangível

A cultura organizacional tornou-se um dos temas mais correntes dos congressos, textos e palestras das escolas de gestão, no decurso dos últimos 30 anos, sem que o tema se encontre, entretanto, devidamente desocultado para os profissionais e para os estudiosos da matéria. A sua popularidade, como mod...

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Bibliographic Details
Main Author: Albino Lopes
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Católica Portuguesa, Instituto de Gestão e das Organizações da Saúde 2010-01-01
Series:Gestão e Desenvolvimento
Subjects:
Online Access:https://revistas.ucp.pt/index.php/gestaoedesenvolvimento/article/view/127
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Description
Summary:A cultura organizacional tornou-se um dos temas mais correntes dos congressos, textos e palestras das escolas de gestão, no decurso dos últimos 30 anos, sem que o tema se encontre, entretanto, devidamente desocultado para os profissionais e para os estudiosos da matéria. A sua popularidade, como moda em gestão, emergiu nos anos 80, a partir da interpretação feita por estudiosos americanos do sucesso da gestão japonesa, como resultado da adaptação às contingências nacionais dos princípios anglo-saxónicos da condução científica dos negócios, e em particular do taylorismo associado à medição da qualidade. Neste artigo são passados em revista os principais autores e é proposta uma definição e uma grelha de leitura integradas, a fim de se poder ler, numa única matriz interpretativa as determinantes da cultura nacional, profissional e organizacional. Optou-se, assim, por reverter a tendência natural para a polissemia dos temas mais complexos, procedendo, naturalmente, a opções, questionáveis a diversos títulos. A proposta reflecte a nossa convicção de que, numa era marcada pela diferenciação organizacional, a cultura desempenha um papel integrador, substituindo figuras mais arcaicas de construção da coesão interna, no seio das organizações como é o caso da hierarquia ou do mercado. A partir de alguns estudos empíricos propõe-se, ainda, uma chave de leitura da cultura organizacional portuguesa, caracterizando-a com base numa abordagem preferencialmente clínica e etnográfica. Arrisca-se, enfim, uma ideia/valor âncora da cultura organizacional portuguesa. Designamo-la de cultura adaptativa em lugar de apontar a cultura de regras como suporte do edifício cultural das organizações portuguesas. As virtualidades desta âncora cultural, integrando a capacidade de empatia e a inventividade dos portugueses, apesar da fraca apetência para o planeamento e gestão por processos, podem conduzir-nos, como povo, na senda da esperança de fazer dela, um dos activos intangíveis mais determinantes da gestão das pessoas no nosso país.
ISSN:0872-556X
2184-5638